segunda-feira, 2 de julho de 2012

Marco zero

   

    Nossa, com é difícil deixar a zona de conforto, quebrar a rotina, sair do comodismo... Chega ser engraçado, em meio a tantos acontecimentos e mudanças em minha vida nos últimos dias, minha maior aflição ser justamente começar um novo blog. O Odisseiaironman foi uma delícia, consegui transparecer minha rotina de treinos, conflitos, bons momentos e acabou sendo bem aceito por quem o acompanhava. E agora, o que fazer: dar continuidade a ele ou começar do zero?

     A proposta era simples: relatar o caminho traçado até o Ironman Brasil 2012. Feito isso, finaliza-se o ciclo. Chega a hora de traçar novas metas, mudar o foco, fazer diferente. Um novo blog se faz necessário e, sem compromisso com temas, se permite pairar por campos distintos e falar do que bem entender. Traz estampado "na testa" seu descompromisso com a formalidade.

     Saída do trabalho, mudança de cidade, de rotina... se a ideia e começar do zero, o passado é para ficar na lembrança e não presente em objetos que insistem em te perseguir ao longo da vida. Minha tentativa (involuntária) de carregar comigo itens que me remetiam a um outro momento foi bruscamente interrompida por um acidente de carro. Resultado? Perda total do carro, toda a carga completamente destruída, salvo a bike, os livros e eu mesmo. Foi como passar por uma operação "pente fino", um portal, onde fui completamente (e literalmente) chacoalhado, forçado a rever tudo vivido até ali e pensar como seria a partir de então. Olhar aquele campo devastado por uma carcaça de uma caminhonete, cheio de móveis e objetos pessoais espalhados, cenário digno de uma tragédia, não me trouxe a sensação de perda. Ao contrário, me senti mais leve, limpo, desprendido, pronto para o recomeço.

      E o recomeço foi com chave de ouro: viagem à Buenos Aires. Nossa, que lugar bacana! Ok, passei alguns perrengues no voo, nem sabia que conhecia tantas orações, mas acabou dando certo. Foi desembarcar, pela primeira vez, em outro país. Agora era bater perna, me misturar aos portenhos, viver a cidade. Andar pelo centro, tomar um café, folhear um periódico, gastar um espanhol... eram de dez a doze horas diárias desbravando o novo mundo. À noite um happy hour no hostel, mais um bombardeio cultural, próximo a uma reunião da ONU tamanha a diversidade étnica ali presente. Quatro horas de sono e já era hora de recomeçarmos.

     "Tudo que é bom dura pouco" e a viagem chegou ao fim. Ficam algumas impressões: o povo argentino é bem simpático; mesmo depois de dois séculos tentando, não aprenderam a fazer café; ficar em hostel por lá é muito negócio; oh lugar para ter mulher bonita; e uma certeza: a necessidade de uma nova visita.

     Agora é hora de romper o cordão umbilical que me prende à Campinas. Tento ficar ao máximo com aqueles que, nos últimos meses, estiveram ao meu lado rumo ao grande dia. A palavra "não" parece ter sido excluída do meu vocabulário. Qualquer convite, mesmo que seja para retirar remédio em posto de saúde, eu  estou aceitando! Vai fazer falta, já faz falta. "A dor é passageira, desistir é para sempre", certo? Temos mais sete dias e aí só em 2013.

      As luzes vermelhas foram acesas, a contagem regressiva foi inciada, a largava vai ser dada. Os dados foram lançados: nova investida na vida profissional, mais um ciclo de Ironman, rotina de estudos... agora é receber de braços abertos. Prontos para mais um ano?



Nenhum comentário:

Postar um comentário